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Ontem à noite estive com ela, ganhei um beijo de boa noite, e dormi. No dia seguinte, quando acordei, descobri que enquanto eu dormia 11 anos haviam se passado.
Levantei e abri as cortinas de nossa grande janela de vidro, de nosso apartamento. Olhei para a paisagem quase toda posta abaixo de meus pês, exceto por uma coisa, que ia além até mesmo do alto prédio onde morramos, a torre Eiffel. Volto pra cama onde ainda está deitada e a desperto com um beijo, não teria motivos para acordarmos cedo, pois era sábado e feriado. Ainda não passava nem sequer das sete da manhã, porem teríamos muita coisa para fazer e organizar para o dia seguinte. 
Nossa primeira tarefa do dia é ir buscar nossa família no aeroporto. Saímos de casa exatamente às oito e dez da manhã. Chegamos e avistamos todos já desembarcando do avião. Nossos pais nos aguardavam no saguão. Passamos um longo tempo nos abraçando, já que faziam três anos que não nos víamos. Depois que nos cumprimentamos e matamos a saudade nossos pais pediram para que os levássemos para conhecer a cidade, porém, hoje não haveria tempo a perder. Foi então sugerido que eles dessem algumas voltas com os ônibus de turismo, onde iriam conhecer os melhores e mais belos lugares de Paris, aceitaram, o que nos agradou muito, pois teríamos tempo para prepararmos tudo para amanhã e eles não deixariam de conhecer a cidade pela qual nos apaixonávamos a cada dia. Nós dois corremos para o nosso carro, eu precisava deixa-la na loja de roupas, lembra, a costureira queria dar os últimos ajustes no seu vestido. Tentei entrar também, pois estava muito curioso para saber como era seu vestido, mas todas fizeram um escândalo dizendo que o noivo não podiA ver a noiva antes do casamento, então, como fui barrado ainda na porta, decidi ir ver como estava a decoração da igreja. E estava tudo correndo como o desejado.
Corri de volta para o carro e fui em vários lugares, atrás de detalhes bobos, mas importantes. Assim passamos nosso sábado, uma grande correria. 
À noite, fomos buscar nossos pais em um restaurante, todos estavam encantados com a cidade, e nem ligaram para horários. Eles quiseram se hospedar em um hotel, para evitar transtornos após a cerimonia. Chegamos às onze horas da noite em casa. Deitamos na cama exaustos, o seu beijo de boa noite me deixou relaxado e feliz, o dia seguinte seria o dia da realização do nosso sonho. 
Despertamos eram quase dez horas. Passamos aquela manhã de domingo juntos, em casa, a cerimonia seria somente à noite. Quando terminamos de almoçar eram quase treze horas, chegava o momento de nos separarmos, arrumar os últimos detalhes. Para então somente nos encontrarmos mais tarde, no altar. 
Cheguei à igreja por volta das dezesseis horas, estava muito nervoso. Vestia meu terno com uma rosa preta no bolso da frente de meu paletó. Cheguei no altar e me virei para porta, onde permaneci o tempo todo olhando fixamente, ansioso pela sua entrada.
Os convidados estavam chegando. De repente, todos levantaram e olharam para trás, lá estava você. Com seu vestido branco, linda como nunca. Seus olhos brilhavam a cada passo sincronizado a frente. Meu amor por você explodia dentro de mim. Estava me segurando para não interromper sua vinda e ir te buscar lá, no meio do caminho vermelho que ficava entre nós. Mas me contive, esperei, apertei a mão de seu pai que me entregou a sua. 
- E eu vos declaro, marido e mulher, pode beijar a noiva.- O melhor beijo da minha vida foi dado naquele momento, foi um beijo curto, mas intenso, um beijo cheio de amor. 
Fomos saindo da igreja. Todos nos olhavam e mantinham um sorriso de satisfação, sorriso de pessoas que torciam pela nossa felicidade.  As passagens já estavam compradas, passaríamos nossa lua de mel no Canada, um país gelado e perfeito.  Chegamos. Já era noite e o frio nos atacou em cheio, o que foi bom. Passamos a maior parte do tempo abraçados... 
A reserva no hotel já havia sido feita por mim a duas semanas e meia atrás, o nosso quarto era o 2640 do 26º andar, minha mania de escolher lugares altos, já que sempre gostei de altura. Nossa noite seria perfeita. 
Saímos do elevador, eu te peguei no colo e entrei com o pé direito. Procurei a cama e a deitei enquanto te beijava. Nossos corpos estavam sedentos de desejo, nem mesmo o cansaço da longa viagem atrapalharia a noite. 
Fui despindo-a de suas roupas que, a cada peça tirada, mostrava seu corpo lindo e atraente, parei somente quando a única peça que restava era a parte de baixo da lingerie preta que usava. Parei porque fez um movimento rápido e me jogou deitado na cama, agora era você quem estava em cima de mim, e disse que era sua vez, tirou minha roupa devagar enquanto passava sua mão pelo meu corpo, o que me deixava louco. então tirei a última peça de roupa que ainda restava em você. Não dormimos naquela noite. 
Na manhã seguinte acordei, olhei pro relógio, já eram quase 3 da tarde, não me preocupei, nem te acordei, fiquei olhando para você, lá dormindo e pensei "é com você que eu quero passar o resto da minha vida". 
Lembra-se deste ano amor? Do ano em que nos casamos? - perguntei enquanto me balançava na cadeira de balanço posta ao lado da sua cama, no hospital. - é claro que eu lembro amor, mesmo depois destes 50 anos, não há como esquecer. Eu te amo! - disse ela antes de pegar em minha mão e fechar os olhos dando o ultimo suspiro.
 

                                                                                                                                         Cleiton Zamiani